quinta-feira, março 30, 2006


Que figadeiras, fígados de tigre, não movem moinhos!
Quem sabe, só Deus. Adeus até à vista. Esmagada como uma açorda de marisco, sinto um camarão cor-de-rosa preso na minha saia. Não consigo sair da panela. Barro. Lama donde somos todos feitos. Mais água menos água e faz-se um pote. Um jarrão chinês. Pauzinhos e shop suey. Que sabores refinados me vêm aos lábios carmim. Um copo de vinho espumante para fazer bolinhas em espirais, sobem-me do estômago à boca num arroto charmoso do estado gourmet. Acima e abaixo vão as condições e convenções sociais... God help me. Inside. God save the queen and us all! Porque vêm aí as catástrofes e nós ‘tamos distraídos. Fumo um cigarro contigo. That’s all. E tu confidencias ao teu melhor amigo: I use to love her... But she went away without saying anything! O amigo encolhe os ombros e pede mais uma. Brindamos aos amores perdidos por ter expirado o prazo de reclamação do prémio. Escreva um postal a reclamar o prémio para a RUA do BOM AMOR, apartado LOV LOV LOV. Pode ser que essa rapariga ainda esteja em stock.
I feel good e danço escandalosamente... com as pernas de fora!
Copos ensemble como os corpos que ardem de ânsias de querer...
Comporto-me como uma menina de igreja, muito muito casta.
Mas as voltas que o mundo dá, põe-nos de novo, no mesmo caminho.
Na mesma dança, risos.
See you latter Aligator!

26/27 De Fevereiro 2006
(S-abes L-ançar-te B-em.)

terça-feira, março 28, 2006


Perdidos e achados. Queria um cigarro. Achei-me na inércia das ausências. Falta-me força. Falta-me um fado p’ra cantar, pois que perdida o meu fado está na pele e nas rugas que me nascem todos os dias. Não sei se tenho tempo, nem cigarros que me valham.
A neve também cai de mansinho e parece tão doce como os meus desejos. No entanto provoca tantos bloqueios, como os meus pensamentos mais torpes.

23 De Fevereiro 2006
(S-ilêncios L-iquidos e B-reves.mais não posso.)


Não vás mais longe! Não fiques tão perto. As bolas escorriam pelos buracos como a cerveja nas goelas. Seca, como uma pancada estava a garganta. Mais uma cerveja que escorrega. Arroto leve com bolhinhas que saem pelo nariz.
Manter um ar sério e comprometido com o resto do mundo. Afagam-se solidões adiadas numa garrafa de cerveja. Que parece ser o antídoto para aturar todos os tédios da vida, todas as más escolhas ou as esperas.
A sobriedade põe a nu os nossos sentimentos mais primários vindos dos medos e das correspondências a que temos que seriamente corresponder.
Não vás mais longe, por um golo de cerveja.
Aqui e agora é que se afogam papões. Bela tacada, grande golo. Grande arroto! Bom proveito! Toma proveito do que tens e não tenhas a pretensão de que a cerveja será melhor num outro copo.
Moeda ao ar! Cara ou coroa e vem mais uma para a mesa. Um longo golo para matar a sede e esfriar o corpo por dentro, como uma cascata... Garrafas e mais garrafas para iluminar os sonhos. A rua é toda minha despida de gente. Percorro-a de um lado ao outro como um topógrafo para sabê-la minha. E rumo a mais uma fechadura a que chamo casa.


23 De Fevereiro 2006
(S-oube-me L-eve, B-ebi-a. Mais uma.)




O sexo feminino, dizem, começa a ganhar mais protagonismo, no mundo dos homens...
Só um toquezinho delicado com as mãos de uma mulher e a terra treme.
TILT! Taco a taco, abre o jogo. Escancara a tua janela! Não tenhas medo que os decotes contornem, adornem o que tens de mais belo e alimenta o mundo.
Já houve o tempo das mini-saias e do tornozelo que a descoberto fazia e desfazia as melhores famílias!
A mulher é uma bandeira, um hino.
Quem é esse ser capaz de carregar um homem novo nas próprias entranhas? Que luz é essa que ilumina todos os homens que sombreados se afoitam na noite escura à procura do archote que indica a porta de sua casa...
O sexo feminino é só uma diferença mais nada, no entanto contém em si a matriz do belo e da vida...
Não precisa de protagonismos, porque permanece incólume a todas as dissecações dos homens, até ao fim dos tempos.
Resiste! A toda a dor.

23 De Fevereiro 2006
(S-ábias L-ânguidas e B-elas. Exaltação feminina.“Gosto de ser mulher”)

Haviam Cadeiras Verdes arrumadas sem direito a nenhum rabo, porque não eram vermelhas e a cor do sangue corre nas veias e faz-nos parar no meio de todo o trânsito estridente. Não é nada contra o verde, mas o reclamar da atitude, da força de uma bandeira vermelha hasteada ao vento!
Os toiros também se inflamam no vermelho das capas que rodopiam na sua frente a reclamar a sua presença e toda a sua força em toneladas de fúria.
Assim é a força do vermelho e do sangue que nos corre nas veias! Quente!


23 De Fevereiro 2006
(SLB-Golegã. Cadeiras verdes a um canto)

quinta-feira, março 09, 2006


Olhares perguntadores, perguntam-se o que faço aqui, quem sou e o que é que vim fazer solitária e intrigante... Fumo os meus cigarros com a lentidão de quem espera alguma coisa. O que virá a seguir?
Quem serei eu afinal neste espaço e neste tempo...
Não posso responder nada a ninguém, pois se eu própria ainda me pergunto...


23 De Fevereiro 2006
(S-abedoria L-igeiramente B-aça. Pergunto-me...)

Quando me despes com os olhos fico cheia de frio, porque não me vestes, nem me aqueces... E arrefeço-me... sem a mais pequena faísca...
Se tens medo do fogo, não brinques com fósforos!
Acendo um cigarro no teu lume ténue. Fazes-me labirintos de fumo para eu encontrar a saída. Divirto-me nos teus enleios, fazes-me nervos-pequeninos que fazem rir nos intervalos das inércias...
Rodopio e torno a rodopiar com ânsias de lua-cheia, uivas para mim mas sempre ao longe! Como uma serenata quase inaudível.
Despida de pré-conceitos corro à velocidade da luz pela via láctea, donde só vislumbras o rasto dos meus cabelos. Ficas a olhar, só a olhar...
Estende a tua mão enorme e puxa-me para ti, cola a tua pele na minha a ver se ainda consigo respirar!
Não sabes como parar-me, pois não? Já sabia! Por isso deixo sempre o rasto dos meus cabelos a indicar-te o caminho do meu corpo. Se fores vento consegues! Mas precisas de ter ganas de ser relâmpago. Para te cruzares no meu caminho e explodirmos ensemble a multiplicar estrelas!
Não me faças mais frio nem me exponhas às correntes de ar...
Aviso-te! Se tens medo do fogo, não brinques com fósforos!


23 De Fevereiro 2006
(S-uave L-ua e B-rasas. Despida no Cosmos.)

Traqueia entupida com novelos de palavras e promessas de uma vida melhor... Vem para cima que há-de ser melhor, que hás-de ser melhor!
O Van Gogh já cortou a orelha há muito tempo! (talvez pelas mesmas razões). Pintava girassóis ao sol, como o sol.
De um amarelo tão forte que podia doer, como os meus batimentos cardíacos.
O processo é longo e cansa-me. Como as cores saturadas. Pinto a minha tela mas ainda estou na primeira linha...
As minhas roupas espartilham-me o corpo que aumenta sem eu lhe ordenar. Ordeno os pensamentos que já não cabem em mim. Desenrolo os novelos de palavras na tentativa de decifrar o código e aliviar um pouco as cordas vocais. Bebo um copo para empurrar o resto. Vivo o resto para empurrar o tempo. Queria ser uma nuvem, a pairar, apenas. E só isso. Leve, sem textura.
Monto um cavalo-alado que ainda se está a recuperar da gripe das aves, espirra muito e fazemos a viagem aos soluços. Parece um trote-soluçado.
Fizemos um voo rasante a acompanhar os golfinhos que faziam uma corrida. Os nossos saltos pareciam os deles, só que eles não estavam constipados!
Fomos para as montanhas onde parámos para descansar e beber água. Engasguei-me com uma truta que quase me entrou pela retina. Fiquei com soluços, o que não era uma boa combinação para mim e pró meu cavalo engripado!
Decidi fazer um casaquinho pró meu cavalo e comecei a tricotar, ainda tinha o resto daquele novelo na traqueia.
Tricot-Tri-Cot-I, Cot-Tri-Cot, faziam as agulhas a bater uma na outra a tecer o meu casaquinho-apalavrado que estava a ficar lindo! Quando acabei, arrotei!
- Bom proveito! Disse-me o cavalo que era bastante educado.
Vesti-lhe o casaquinho e ele com as asas quentinhas sentiu-se melhor.
Retomámos a viagem até ao arco-íris onde ele morava.
Abraçámo-nos e rimos da nossa passeata. Deixei-lhe uma borboletinha na crina e vim-me embora, a escorregar no Anil até casa...
O sol já se estava quase a pôr e lembrei-me dos girassóis.
Pintei um sol enorme na minha tela com cores que trazia nos olhos.
De nada me servia cortar uma orelha, faz falta!
Pousei os pincéis.


22 De Fevereiro
(Papoila à laia de Girassol)

sexta-feira, março 03, 2006


A solidão é um hospital fétido de cheiros de suores rasgados de gente que, estando cheia de gente, milhares de gente, está só. Tão só que o seu estômago é um buraco negro e o seu coração é cinza, cinza palpitante.
Essa gente que espera na sala de espera, desespera. Desespera por uma palavra, um toque, um: " Deixe lá, amanhã acordamos cheios de sol e de flores na boca! " .
Mas o senhor da recepção manda tirar uma senha, e todos esperam na sala de espera com a sua senha-da-cor-do-mal-respectivo, a merda de um fio de vida, que lhes empreste aos dentes podres-da-paciência-contida de vidas monótonas de musgo, uma pincelada de aguarela!
- Hormonas de alegria? Mandaram-me p'ráqui! É em ampolas ou fazem transfusão?
- Hormonas de alegria esgotaram há 100 anos atrás, minha senhora !
- Como?!?
- É verdade. Já não há dadores há muito tempo.
Olhe, a última transfusão que fizemos foi a um menino cinzento, que estava quase, quase a ficar adulto antes do tempo, todos tememos pela vida dele, um risco enorme, felizmente safou-se, coitadinho!...
- Ah! Coitadinho!... E eu? O que faço agora? A minha pele está roxa, não tarda está cinzenta e aí... Nem sei...
- Não posso fazer nada minha senhora, só se for ali á consulta de estupidez convulsa, pode ser que lhe receitem um pouco de "Sentido Crítico", dá sempre jeito, contudo, torna as pessoas um pouco amargas...Hum! Realmente...Não sei...
- Olhe, eu é que não saio daqui sem um a receita qualquer! Olha Q'uesta! Uma pessoa vem p'ráqui gastar tempo de vida de
Solidão-acompanhada, e sai daqui sem nada?! Nem um tónicozito capilar inteligente para cabelos loiros?!? Não! Isso é que era bom!
- Sente-se um bocadinho, vou ver o que posso fazer...
- Ali, ao lado daquele senhor da "Roda dos milhões"?
- Não. Isso é psiquiatria! Não me diga que a senhora anda aí metida com cantores como o Emanuel?!?!
- Não. Mas tenho pena destas pessoas...
- Sente-se ali naquelas cadeiras amarelinhas, como são alucinógeneas, sempre dá para fazer uma viagenzita! E têm uma vantagem: Não causam dependência! Eu volto já! Não se preocupe.
Ao entrar num mundo amarelo-de-tinta-de-pintar-paredes-de-casas-alentejanas
Sentia-se flutuar livremente na fluidez baça da tinta que lhe acariciava o corpo com a mansidão de uma tarde de Primavera. O coração batia agitado com o gotejar de orgasmos que lhe escorriam do corpo enrugado de nunca Ter sido amado de verdade, vertigens coloridas projectavam-na para o fundo do rio-amarelado...
- Ah! Está aqui!
- Hã?!?
- Acho que encontrei algo que a pode ajudar.
- Diga. Diga. Estou um bocado afogueada, desculpe!...(Esboçou um sorriso tímido).
- Não tem importância, mas como dizia: encontrei na enfermaria uns " Embriões-de-Gargalhadas" congeladas, acho que pertenciam a um programa televisivo do século passado o "Arreganha-a-Taxa", promovido na altura, pela Liga Portuguesa Contra os Rostos Sisudos, para angariar gargalhadas para as vítimas do parlamento. As pessoas que concorriam, iam para lá vomitar gargalhadas, que eram todas aproveitadas para a cura das vítimas parlamentares.
Olhe, algumas das melhores até foram usadas no tratamento daquele
gajo, o Mário Soares, é que antes do 25 de Abril, o gajo acumulava
muitas tensões faciais que lhe puxavam os músculos para baixo!
Depois, "Vzet" injectaram-lhe umas boas gargalhadas nas
bochechas... E até lhe deixaram algumas de cada lado criando em
cada uma das bochechas um reservatório de emergência, caso se
desse a revolução dos cravos, p'ra ele fazer crer aos outros que vivia
num mar de rosas. Foi daí até, que depois surgiu aquele slogan,
muito conhecido: "Soares é fixe!".
- Ah! Então deve ser bom...
- ...Bem ele já devia Ter injectado mais, mas agora...Já está muito flácido...Não há nada que se lhe possa injectar agora...Só se ele puser ali uns bocados de pão em cada lado, sempre estica um bocado a pele...
- ...Talvez se ele usar pão alentejano...Sempre é mais rijo...
- Boa ideia! Vou já telefonar para a SIC (Sabem Isto Come-pessoas), no programa do senhor Henrique Mendes ele vai encontra-lo de certeza! Eu tenho fé! Ouvi dizer que ele agora é bailarina aí num night club, o...ai, nunca me lembro do nome! A...”A Marmota-Cor-de- -Laranja” é isso! Dizem que é muito bom naquilo que faz!
- Coitadinho...A política...A sobrevivência...
E agora, como posso tomá-los?
- Tem moedas de 1 Euro? É que esta máquina já é muito velhinha...
- Hum! Deixe-me ver...Parece que sim...Estava a guarda-las para a minha neta pôr no porta-moedas, que lhe comprei na feira das velharias. É pedagógico, para as crianças saberem como era antigamente! Isto já não é o que era!
- Pois! É assim a vida!
Agora faça o seguinte: ponha os embriões no contentor azul do lado esquerdo da máquina, depois introduza as moedas e seleccione comprimidos ou supositórios...Terão de ser supositórios, os comprimidos estão encravados há já uma data de anos, olhe foi com uma receita de “Educação Sexual para a 3ª Idade”...Foi um surto, minha senhora...Como eu nunca vi!
Até que a máquina encravou, porque só os velhinhos sem dentes é que levavam em supositórios, sabe? E é assim, o ministério da saúde não nos dá outra tão cedo!
Isso deve dar aí uma três caixas de “Supositórios Gargalháticos”, põe um ao levantar e um ao deitar, que é para dormir mais animadinha!
- Obrigado pela sua atenção!
A máquina regurgita-lhe 3 caixinhas de supositórios vermelhos, só de terem uma cor tão viva já eram engraçados, mas p’ra quem já estava a passar do roxo para o cinzento, mesmo que viesse a ficar amarela, a sua pele, não teria as cores berrantes da juventude. E num encolher de ombros ressonado vem-se embora. Dá uma última olhadela na sala de espera, onde sozinha estava tanta gente á espera. E, cruzando o olhar com o empregado da recepção, este diz-lhe: - Adeuzinho, as melhoras! Tive muito prazer em tocar-lhe!
- Adeus, obrigado. Até á próxima! (Saiu pensativa...).
Será que ele tinha mãos de tinta amarela?!...
E com aqueles pensamentos vagos de dormência galáctica, passeava distraidamente ao longo da grande avenida par o fim do mundo, os seu passos lentos aderiam no chão molemente, como se fossem feitos de pastilha elástica de carne de amora silvestre.
Sentou-se na paragem dos autocarros, esperou, esperou...Passaram dois para a Menopausa, mas do seu, nem sinal!
Estava tão cansada! Cansada de esperar a vida inteira...Apanhou um taxi para casa.
Espalhou-se no sofá e fechou os olhos. – Que dia ! Pensou. As forças haviam- -se-lhe esvaído como a água da banheira assim que puxamos o “ralo”, o corpo relaxado confundia-se com o padrão do sofá estampado com sonhos frustrados numa fusão entre um abraço quente e um fosso enorme em que o único sentimento concreto é a solidão. Que bom! Que calmo! Que fundo!
Da televisão jorravam cascatas de cores gordas e sons grotescos, de risos pastosos de meninas despidas de corpo e vestidas com “maillots” de Néon. E os corpos caem como peixes, fora do aquário-Tv e ficam ali a morrer de tédio por baixo do televisor.
Tão perto e tão longe!...
Enquanto os Homens-peixe se debatiam pela vida no chão da sala, a mulher ergue-se numa convulsão de: “ Tenho as salsichas ao lume!” – O medicamento, o medicamento!...
O gosto mórbido pelo sofrimento...
- É tão bom termos pena de nós próprios, deixamos de nos sentir tão
sozinhos, até parece que estamos acompanhados! Bom, mas o
remédiozinho de certeza que me vai pôr melhor!
De repente, os seu olhos ficaram caídos putrefactos na data de validade.
- Expirra Amanhã! (Deficiência de carregar nos erres, coitada!).
Ali estavam eles, todos vermelhinhos e prontos para expirar no dia seguinte.
- Isso é que não! Agora vou tomá-los todos! Antes que expirre o prazo!
‘inda foram caros e não tiveram comparticipação!!
Sob a colcha florida (tipo camisa de cantora “pimba”), põe-se em posição de alvo. Introduz o primeiro “Obus” e...Alguns segundos...”Pum”! Aí vai ele, o “vermelhinho”! Dá umas quantas voltas ao pouco perfumado e frágil intestino daquela mulher.
Uma brisa...Solta-se um gás que deixando se ser “Lagrimogéneo”, surpresa!!!...
Saiu-lhe um gás “ Gargalhogéneo”!
- Hum! Isto tem piada! Vou experimentar outro! Ah! Ah! Ah! – Isto é giro! Vou pôr outro! Ah! Ah! Ah! Ah! – Outrooooo! Ah! Ah! Ah!
Completamente hilariante, embriagada de riso...Acaba com as 3 caixas...
Tudo está no mesmo sitio, a calma vem pé-ante-pé silenciosa e quente, a sala: Igual. Só mais corpos de Homens-peixe caíram do aquário-Tv, que continua freneticamente a vomitar imagens, palavras, Homens-peixe, “maillots” de Néon que as meninas já despiram, devido ao adiantado da hora...
Noticiário: - Boa noite, abrimos com uma notícia, no mínimo insólita! Uma mulher, com idade para Ter juízo e o IRS e a Segurança Social em dia, suicida--se com uma “overdose” de gargalhadas. Não se sabe a origem da droga ou como ela a obteve...
Foi encontrada feliz, no seu apartamento, com as pupilas completamente dilatadas como duas frigideiras de paelha, e com um enorme gozo impregnado em todo o corpo com marcas vermelhas em forma de corações. Gozo irritante, montes de gozo, quilos de gozo, puro gozo, gozo cintilante...Gozo! Gozo...Gozo...Gozo...Gozo...
A solidão é um hospital sem nome com pessoas sós, sós porque não têm boca, sós porque não têm gozo.
Sós, só isso!




FIM








14 de Maio de 1999






“Conto do Homem-que-vivia-dentro-de-um-bolso”
ou
“ Histórinha de Amor-à-laia-de-filme-de-ficção-ciêntifica”


Era uma vez um homem que vivia dentro de um bolso.
Passava horas a observar o mundo lá fora, as pessoas, as coisas, as relações entre as pessoas, o sol, a chuva, os fumos da civilização…
Coleccionava sentimentos que vivia através do outros. No seu bolso, tinha um jardim de flores-pedra, que nasciam de cada vez que ele desejava ter a vida de alguém.
E as noites passavam claras, em claro, com uma Lua-gorda, simpática com sorriso e braços de mãe…
É, precisava da noite como os homens do mundo precisam de beijos-doces na nuca e histórias de encantar, para se adormecer com a tranquilidade-quentinha que nos faz pequeninos-de-amor na almofada.
Os dias…ah, os dias… Sempre tão compridos… Tão cheios de imagens a entrarem--lhe pelo bolso dentro, Como uma bisnagadela de água no olho, quando é carnaval e os putos fazem guerras-de-Água Rua-contra-Rua, com prisioneiros e quartéis generais e tudo!
Dias sendo farrapos de vidas de outros: abraços, discussões, beijos, palmadas no rabo por causa de uma traquinice, indiferença, alegria, piropos, cuspos, papeis de rebuçados para o chão…
Masturbava-se com amor-paternal para os canteiros das suas flores-pedra, para que continuassem tesas e viçosas!
Sempre que nascia mais uma, sentindo-se triste, amava-a desde a primeira pétala até à morte, à sua morte.
O céu sempre negro de espanto, todas as noites e, no buraco infinito daquele cenário: a Lua.
Um dia, quis ser político e nasceu-lhe uma flor-pedra-de-cemitério no seu canteiro, outro dia quis ser: Actriz-de-Cinema e nasceu-lhe uma flor-pedra-estrelícia-emproada no canteiro…
Mais um dia atrás do outro, e outro, e outro…

Como sempre, fez o jantar com todo o requinte, os requintes, especiarias, azevias, avarias, velas e flores ao centro… E … Dois lugares na mesa.
Tinha um Gramofone-Inteligente que se ligava quando os seus
“sensores-ultra-espertalhões” pressentiam a necessidade de uma melodia ou a ausência dela.
Nos dias dinâmicos-de-energia cantarolava o dia todo, é que não se calava! Mas isso já não acontecia há tanto tempo, agora só umas operazitas quando ele regava o jardim-pedra e mais nada…Ausência, “bico-calado”, só o silêncio.
A sua máquina de conversas-porreiras-p’ra-afugentar-monotonias, tinha-se avariado pela falta de uso, ao que agora só respondia de vez em quando: - Opá, fala tu, pá!
- Opá, fala tu, pá! – Opá, fala tu, pá!…
Caíu à cama com um ataque de impaciência-triste, espirrava prantos e enchia os lenços-de-assoar de lágrimas-verdes e Macacos-desiludidos-de-tédio que ficavam cravados nos lenços à espera de um amanhã mais sorridente!
Mandou vir da Farmácia-take-away-que-nós-tratamos-lhe-da-saúde, algo que lhe pudesse dar um jeitinho-de-mel-em-leite-quente na vida.
Vieram umas carteirinhas de normalidade-sorriso-amarelada e duas
promoções-oferta, um pacote de água-oxigenada-em-pó vitalício para prevenir feridas infectadas. Agora, sempre que tivesse uma ferida já vinha desinfectada, “Só esperar a crosta” dizia no papel, e uns filtros-oculares para turvar a vista de todo e qualquer incómodo ou imagem-nauseabunda, com cores p’ra ver a vida.
Seguiu à risca as instruções da receita, mas o silêncio descia sobre a cama, escuro como o fumo e pesado como a cinza-podre dos corações-betão dos angustiados.
Seria uma doença crónica?


Moribundo, nauseabundo, meditabundo, tentou esgueirar-se do bolso para ver a rua, quem sabe se pela última vez!
Com olhos de ternura-decrépita ainda conseguiu ver lá em baixo uma mulher vestida de choros-frustrados-de-vida-preta que trazia um catraio pela mão, com uma cara de Sapideo-cinquentão e uma expressão de orquídea-economista. Preso ao braço trazia um balão-distraído com uma cor garrida que contrastava com o resto do quadro.
E o homem-que-vivia-dentro-de-um-bolso, desta vez, não quis ser ninguém…Quis ser o balão! Era tão bom se conseguisse ser o balão…Cor…Precisava tanto…
Com as poucas forças que tinha manteve-se a olhar atentamente para o balão, e com toda a força, concentrando-se, ficou a desejar o balão…
Uma rabanada de Vento-perverso…Vruuuuummmm, tudo pelo ar! Os sonhos do miúdo, a cabeleira da mulher, que era careca-despida-de-esperanças, uma
espiral-de-folhas-de-plátano-amantes-das-velocidades, que adoravam dar umas voltinhas de borla, à conta do Vento-perverso que as fazia rodopiar pela rua cheia de Plátanos-magricelas e gente-estranhamente-normal.
E o balão… Desprendeu-se-alegremente do braço do miúdo-sapideo-cinquentão que esboçou um sorriso-aliviado por se ter livrado daquele peso que o puxava para longe da Terra. Nem sequer ficou a olhar o trajecto do balão! Seguiram, mãe e filho, lentamente…Como quem vai para uma casa sem telhado, porque se tem um
pai-gigante-sem-braços à espera, para os não-abraçar depois de um dia de trabalho.








O balão, subia devagarinho e o homem-que-vivia-dentro-de-um-bolso estava quase a desistir, quando sentiu que o balão se roçava-melancólico nas paredes exteriores da sua casa-bolso…
Esgueirou-se para fora para o ver entre as cordas da roupa. De súbito,
desequilibra-se! – Ai, ai, ai…Tenta ainda agarrar-se a nada, mas…- Epá! Uôu! E, à laia de palhaço-malabarista-que-também-sabe-mandar-umas-piruetas, dá uma valente cambalhota no ar e vai cair de braços e pernas abertas em cima do balão. Estranho…O balão, com o susto do peso foi-se um bocado a baixo, mas depressa se recompôs e logo retomou a viagem, só que agora, com o
homem-que-via-dentro-de-um-bolso encavalitado na sua cabeça-balão.


Os dedos das mãos e dos pés desataram as crescer desmesuradamente e a uma velocidade incrível! Ainda teve tempo de ver os seus sapatos rebentarem à frente, com os dedos dos pés a sairem como dentes daquela
“boca-de-pele-de-crocodilo-urbano” de que eram feitos os seus sapatos, sacudiu-os. Seria ridículo andar para aí com uns sapatos tão minúsculos nuns pés tão potencialmente-enormes, as mãos: a mesma coisa. Enormes, os dedos a crescer como fios de esparguete.
Houve uma altura na sua vida que quis ter o cabelo comprido, era moda lá fora, mas isto agora era um abuso! Parecia que tinha uma manta a sair-lhe da cabeça que sentia como se fosse um tear-desinibido a tagarelar-metros e metros de mantas e cobertores e sabe-se lá o que mais!
Tudo convergia para o ponto do nó do balão onde o fio ainda estava preso.
A cara-elástica começou a fundir-se na borracha-alegre, o corpo pesado começou a tornar-se elasticamente-redondo e leve. Sentiu que um calor vindo de dentro lhe fazia corar o corpo todo, começando a assumir a garridez-contente do outrora balão… Que era isto? – Era o balão. – Ah, ah, ah, sou o balão! Riu-se com um sorriso
pintado-de-cor e extensível.
- E agora? Pensou. – Sem rumo?!
E, por aqui e por ali, a rodopiar, lá andava ele pelo breu nocturno, sempre a subir, a subir…
Uma bola luminosa lá ao fundo, não via muito bem, por causa do mar de cabelos e a ponta do nariz que também já não era, o que tinha sido…
- Aquela Lua-gorda, com sorriso e braços de mãe! De repente o sonho de uma vida, ali à sua frente ao alcançe de um sopro.
Ela olhou-o, e deu-lhe um abraço enorme.
Ficaram estarrecidos de olhos nos olhos, a trocarem juras de amor, sem falar…
…Um beijo. E rolaram pelo universo fora…E iam e vinham-se, e rebolavam, e voltavam-se e vinham-se, e viam-se e desejavam-se, e vinham-se e desejavam-se, sem fim.
E, como pipocas surgiram pintinhas luminosas, lindas, brilhantes que foram iluminando, forrando todo aquele negro, filhas daquele amor. Chamaram-lhes: Estrelas.
Tanto Amor que já não cabia naquela galáxia!
Sussurrou-lhe ao ouvido: - Vamos para baixo, tenho a mesa posta…
- Não! Espera! (entre milhões de beijos e reviravoltas) Não há ningúem que possa dizer que amanhã acorda!

E as flores-pedra morreram cansadas de esperar.
O bolso foi demolido uns anos-luz mais tarde para construirem um
Mega-centro-comercial-para-deprimir-carteiras-de-pessoas-caprichosas.
O sol, como presente de casamento trazia Dias-lindos, todos os dias.


FIM?

Ou

- Mamã, que mancha é aquela na Lua?
- Nada de especial filha, foi um homem muito rico e muito excêntrico que mandou lá construir um palácio, onde vive com a amante, diz-se que foram p’ra lá de biciclete a fugir do marido “dela”.

FIM







Cure me forever my Indian love. Cure me from you.
Touch my shoulder so I can give you light.
Touch me and I’ll love you again

10 de Fevereiro 2006
(as/at once)


African Ivory. Black mountains. Blue birds flying trough my mind.
African dances. A drum inside my left foot.
Me ridding a blue butterfly.
Horses running in circles.
Smoke me up! Until I fly away trough your fingers.
Touch me and I’ll be smoke. Smoke me for the love to be.

10 de Fevereiro 2006
(Ecos around my belie
)

Emparedada no vidro da minha caixa canto cançõezinhas com uma voz que pequenina mal se distingue no embaciado das paredes.
Penteio os meus cabelos-facetados em quadrículas. Música no ar!
Sinto arrepios-vibrantes a reverberar dentro do meu mundo como orgásmos em espasmos de cor. Néon. Flúor. Brilho no escuro.
O silêncio! Fico estatelada no fundo da caixa a RE-inspirar de mansinho.
Tenho um pente quadrado que faço de microfone. Sou lua, luz, tudo e toda a gente. Nua.
Na minha caixa de vidro. Em cacos. Desfaço-me. Reconstruo-me.
Trá lá lá lá li!

10 de Fevereiro 2006
(My lovely glass box)

quinta-feira, fevereiro 23, 2006


Teleportação. DJEEEE. Um túnel de luz onde se desliza como um espectro. Viajo para onde quero dentro de mim. Não posso mover-me dentro de blocos de pedra. Corações de papelão rasgam-se com facilidade e não duram muito tempo. Mas os de betão não batem e despedaçam-se em pó quando partidos. Se uma bebida me pintasse por dentro...
- Bar tender, dê-me um absinto (hope). Fico verde inside, para ti. Estás de Blue Corazón, eu sei.
Verde e azul dá uma espécie de azul-petróleo que é uma das minhas cores favoritas!
Vamos fundir-nos numa embriaguez de risos e orgasmos. Vale a pena ser ensemble. Vale a pena viver. Ser. Beijar. Estar. Fluir.
Mais um cigarro p’ra matar o tempo e o corpo. Mais um copo e um golo longo que nos escorre pelo corpo dentro ardendo nos desejos de morrermos juntos no último suspiro de prazer. Rebolava uma gota de suor-prateado solitária percorria o meu nariz, a minha boca, a minha traqueia...
Tanta luz que emanava dos nossos corpos doirados. Tremíamos de prazer na volúpia do desejo. Telepatia. Teleporto-me para dentro de mim. Sábia. Total.

30 de Janeiro 2006
(S-ilêncios L-igeiramente B-reves.How i wish)





Rewind. Rewind. DJEBRLDRRGGGJERBL!
No novo tempo. No novo local, num novo corpo e no meu gasto de insónias!
Penso que não chegas, mas vens, sorrateiro e morno, como a brisa da tarde. Um tom baixo e grave como está a minha energia: Low e num tom grave.
A espera, a possibilidade de ser e não ser. Não querer saber ou premeditar qualquer atitude ou sentimento, Maybe que um in-sentimento nos invada e mais nada. Ou eu própria me sinta linda porque cheia de luz e toda a grosseria da matéria se esbata na luminosidade onde tudo se torna belo e feliz. Rewind. Rewind. E frio fictício de Up’s and Down’s pela espinha, da cabeça aos pés. Shut down. Todas as luzes se apagaram e o palco está vazio. Restam os objectos de cena agora inanimados no fim do espectáculo.
Os aplausos já só existem na memória ténue dos actores.
Joga-se a seguir um jogo de “roda bota fora”! E tu estás fora, tão longe. Tão longe da arena. “Estávamos todos num quadrado”, mas desconhecíamos as regras...
Abandonámos o jogo, como se tivéssemos perdido...
Rewind. Rewind. Quero e não quero. Fico a fugir. Reajo sem reacção. Vou-me sem mexer um único músculo.
Recrio um jardim só para mim que tem um carvalho ancestral ao fundo onde pendurei um baloiço humilde feito de cordas grossas e uma tábua de madeira.
Enfeito-me com todas as flores que há no jardim uma de cada e em todas as cores. Fiz uma coroa de princesa das flores e baloicei-me lânguida inebriada nos perfumes. Como um beijo. Como um leve roçar de queixos e narizes. Rewind. Rewind.
É real tudo o que nos arrepia, todos os desejos, todas as luzes.
Não leio o teu pensamento porque bloqueias as saídas. Rewind.
Voltemos ao primeiro abraço!

30 De Janeiro 2006
(S-ilêncios L-igeiramente B-reves. REWIND)

Uma pena verde de esperança, que me achou mais uma vez! Será que devo alimentar esta esperança? Será que tem algum fundamento? Ou sou eu que procuro todas as “penas” que encontro.
Estava marcada no meu livro de memórias de vida. Tinha de ser assim para mostrar todo o monstro-doce que existe, este gigante dócil e desastrado que só pretende encontrar a paz e colinho (apaixonado) que o acolha nos braços e o embale numa canção suave e terna.
Não é possível esta frustração incandescente que se incendeia cada vez que apareces gelado.
Nada posso esperar que um sorriso breve, apenas isso.
E não um baixar de olhos para não ver nada. Não vês nada.

30 De Janeiro 2006
(S-eria L-indo o B-eijo. Moi blue)

Disco. Discal é a hérnia que sobe e desce dentro da estrutura da tua casa que construíste com as fundações doentes.
Sentes-te como uma pastilha elástica, mastigado por dentes que nunca te soltam para o ar em forma de balão, p’ra voar!
Desata os atacadores que estão atados um no outro. Por isso tens a sensação de que não sabes correr...
Se correres com muita força, consegues voar, sabias? Voa, voa alto, muito alto, pois não há semáforos nem fronteiras no céu, que enganosamente não é só azul, mas de todas as cores! Não tenhas medo, voa!
Experimenta!

24 De Janeiro 2006
(S-ilênciosos L-ábios que B-eijam)

“Don’t stand so close to me”!
Sinto-te dentro e fora do meu corpo.
Ainda que ténue por fora,
Tão brusco por dentro.

“Don’t leave me hanging here in line...
You have no one to talk to...”
Quem és tu e o que queres
Para ti afinal?


Pergunta-te quem és e o que queres.
E falas-me de ti, das tuas histórias
E sonhos.

“It could last forever”
A busca pode continuar interminável
Até te dispores
Sinceramente
A encontrar as respostas.

“I don’t want to talk about it”
Until you do... make a choice.

22 De Janeiro 2006
(Ecos musicais)

Ainda que me mova em palavras sábias que poderão ensinar-me a ser melhor, ainda sinto essa inconstância ou insegurança de saber que ainda não ponho completamente em prática toda essa habilidade do estar que me permitirá evoluir. Enquanto ser.
Sei-o, mas ainda luto com a aplicação prática de toda essa sabedoria para viver.
Para isso é preciso a determinação de querer muito ser e estar melhor...
Continuamos na luta, “hasta la victoria siempre”!

22 De Janeiro 2006
(Ecos aprendizes)

Cada momento é uma aprendizagem sublime que nem sempre sabemos descodificar. Amanhã há sempre sol e depois e depois...
Ele vai continuar a nascer sempre quer queiramos ou não, quer estejamos presentes ou não.
A escolha continua a ser sempre nossa, o que ainda não sabemos é se a escolha é certa ou como fazê-lo.
Aí reside a grande busca de nós mesmos e qual a nossa missão aqui. Para e porque estamos.
Uma coisa que sabemos é que queremos ser felizes, resta saber o que isso é na verdadeira essência, sem filtros ou padrões exteriores.
“you can check in any time you like, but you can never leave” (Eagles)
É o ciclo, não podemos fugir nem à missão, nem à aprendizagem, de repetição em repetição continuaremos a voltar até à plenitude. (Seja lá o que isso for para cada ser).
É preciso re-conectar o espírito e a matéria, a alma e o corpo. Viver o nosso plano e caminho únicos, nessa direcção. Sem medos e sem fórmulas estanques. Como reaprender o destemor se vivemos até agora enganados em espartilhos de fórmulas hirtas? JUST BE!

22 De Janeiro 2006
(Ecos essenciais)

É real tudo aquilo que se sente, pois a realidade não tem tempo.
Há luz, há muita luz que nós muitas vezes não percepcionamos escondidos no nosso corpo-matéria.
A luz trespassa-me os ossos e não consigo agarrá-la, porque tenho a ilusão de não ter tempo.
Os dias e as noites correm velozes e temos muitos desafios pela frente. Muitos dos muros somos nós que os colocamos na frente dos nossos olhos e assim, naturalmente não conseguimos ver a luz!
Quando os transpomos sentimos que temos outra vez mais forças para o caminho, mas ainda não conseguimos vislumbrar o fim da estrada.
Não sabemos ainda bem quem somos e por isso tropeçamos nos nossos próprios atacadores.
Para quando a paz?
Para quando os risos infinitos?
Cruzamos os outros seres com pressa.
Urge chegar a qualquer lugar que ainda não sabemos muito bem onde é e não temos o mapa...
Podíamos ser mais mas não sabemos como.
Tudo o que sentimos é real. Apenas temos de regular os filtros. Focar as objectivas, os objectivos.
Caminhar sem medo e sem pressas, pois não há nada que realmente nos possa impedir a não ser a nossa própria vontade em nivelar os gestos, que o mundo nos impõe tão escrupulosamente numa coreografia de convenções que não existem na realidade senão nos labirintos das nossas cabeças e nos nossos medos.
Gosto de pensar que sou diferente (o que na verdade é legítimo pois cada ser é único...) mas no fundo ainda estou em pé de igualdade com todos os outros pois também eu tenho o meu caminho a percorrer e a desbravar e isso torna-me igual aos outros...
Cada um no seu tempo e no seu caminho, temos missões e tarefas a cumprir.
É preciso fazer dessa condição um prazer de aprender e viver para algo mais.
Tudo o que existe é real, mesmo que nos pareça abstracto.


21 De Janeiro 2006
(Ecos de realidade)

quarta-feira, fevereiro 22, 2006


Para hoje não há crónicas de leveza que me valham pois tomo consciência de que todos os pensamentos que trazíamos até aqui são prisões (Como dizia Manuel João Vieira numa entrevista ao DN Magazine).
Pequenas prisõezinhas a que nos agarramos com unhas e dentes pelo medo da perda. Porque sabemos que se as abandonar-mos não sabemos para que lado nos havemos de virar ou como começar tudo de novo. Temos sempre medo do desconhecido e por isso temos medo de confiar no simples acto da respiração. Inspira... Expira...
Não respira! Pode respirar! Ai!
Mas esse é o ponto de partida para iniciar algo novo, no presente aqui e agora, para um futuro melhor. Sem dúvida!


11 de Janeiro 2006
(Ecos-In and Out)

Ando mais perdida sem saber de mim ou dos outros eus que procuro.
No entanto, tudo anda tudo se move, a passo e passo o meu caminho desenha-se sem que eu ainda possa vislumbrar uma saída, ainda espero, pé ante pé.
Valha-me Deus.


10 De Janeiro 2006
(Fm-stereo com cortes de frequências)